Dentro do mercado de trabalho, o encontro de diferentes gerações é inevitável. Cada uma delas tem as suas próprias características e maneiras de agir diante das responsabilidades corporativas. Essa pluralidade torna a empresa completa e harmoniosa, com pessoas prontas para passar as tradições, assim como, trazer novas perspectivas compatíveis com o nome. No entanto, apesar dos benefícios nessa mesclagem de público, seja no estágio ou em outros cargos, ainda existe uma certa dificuldade de aceitação, denominada como etarismo. Então veja, nesta matéria, como identificar esse conceito nas companhias e combatê-lo.
Entenda mais sobre o preconceito com a idade dos colaboradores
Atualmente, o termo se tornou um destaque na mídia por meio da divulgação de uma certa quantidade de casos de discriminação dos alunos acima dos 40 anos nas universidades. Dessa maneira, em um cenário com o aumento dos estudantes nessa faixa etária, as ocorrências de hostilidade com esses indivíduos começaram a surgir. Segundo o Censo da Educação Superior, hoje, há quase 600 mil discentes nessa condição. Esse número representa uma expansão de 171,1% de 2012 a 2021.
Ainda conforme o levantamento feito pela consultoria Hype50, 39% dos profissionais brasileiros acima de 55 anos se sentem excluídos ou descartados da atmosfera corporativa. Outros dados também mostram como essa condição atinge com mais ocorrência as mulheres. De acordo com a pesquisa Global Learner Survey, realizada pela Pearson em parceria com a Morning Consult, 74% das entrevistadas sofreram discriminação na hora de buscar novas oportunidades laborais. Na pesquisa, 65% afirmaram como o etarismo no trabalho é um tema a ser discutido e combatido.
Identifique os sinais de etarismo em seu time
No cotidiano algumas atitudes tendem a passar despercebidas, porém, existem determinadas delas, como supostas falas, por exemplo, responsáveis por acentuar esse preconceito e atingir a equipe. Então, para demonstrar como isso acontece na rotina corporativa, a especialista Mara Leme Martins, vice-presidente da BNI Brasil - Business Network International compartilha cinco indícios de etarismo dentro das organizações. Confira:
Atente-se a frases preconceituosas: um dos primeiros e mais perceptíveis sinais dessa atitude dentro de uma empresa, são frases como “Ele não entende dessas coisas, pois já está velho”, ‘‘Ele está muito bem pra idade dele” ou até mesmo “Isso não combina com sua época”. Muitas vezes essas falas surgem como uma brincadeira, ou até mesmo a tentativa de um elogio ou conselho, porém não são nada além de preconceito velado.
Traumas e demissão marcam outra forma de etarismo: a exclusão de funcionários de dinâmicas e conversas da equipe, devido a esse quesito também é uma prática desse padrão. Segundo estudo realizado pela Universidade Sauder School of Business da Columbia Britânica, o isolamento pode gerar insatisfações maiores quando comparada com a prática de bullying no ambiente laboral. Inclusive, pode acarretar em doenças psicológicas e constante vontade de demissão.
Desvalorizar opiniões ou ideias de acordo com a idade do colaborador: a desvalorização de opiniões, sugestões e feedbacks é um assunto já trabalhado por muitas frentes, sendo elas segmentos femininas, antirracistas e LGBTQIAP+ e, agora, teremos também a parte contra o etarismo para endossar essa luta sobre a desvalorização empresarial.
Isso acontece porque grupos específicos veem constantemente suas pautas, falas e conceitos serem tratadas como irrelevantes apenas por serem quem são. Precisamos entender a impossibilidade de desconsiderar a fala de alguém por ser muito jovem ou mais velho. Isso porque a atitude coloca a entidade em uma posição etarista e leva ao desperdício de bons insights, networking e de uma interação plural, a qual hoje é vista como cada vez mais agregadora.
Estacionar a carreira do colaborador: a ação de congelar um colaborador em um setor, por ele ser considerado velho demais para outros cargos, ou até mesmo novo para ser promovido trata-se de uma ação preconceituosa. Imagine só, você sentir-se totalmente pronto para um novo desafio, ter plena consciência de sua evolução e ainda sim ver sua carreira estacionada pois estão levando em consideração somente a sua época. Parece péssimo, não?! Em momentos como de promoção, considere outros pontos dos seus colaboradores. Avalie suas qualidades, pontos a melhorar e não esqueça do feedback como uma prática muito importante, independentemente da decisão tomada.
Tome cuidado com os pedidos de contratação para o RH (Recursos Humanos): usar a cultura “jovem” da instituição como desculpa para não contratar pessoas mais velhas é uma atitude muito comum. Muitas vezes, o time de recursos humanos encontra o perfil perfeito para aquela vaga, mas se vê impedido de dar prosseguimento a seleção, devido a pedidos feitos pelos contratantes. Esse costume está muito longe de ser relacionado tão somente com a idade, a experiência e o aperfeiçoamento ao longo de uma carreira com certeza pode agregar muita jovialidade a vaga. Ao tratar com pessoas, desculpas como essas serão totalmente prejudiciais ao aspirante e afastará bons talentos para a corporação.
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