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A construção de uma cultura de D&I nas empresas 

Notícia | 22/06/2023

Carolina Amaral

Atualmente, é quase um senso comum a existência de inúmeros benefícios na construção de uma força de trabalho mais inclusiva e diversificada. Isso torna a organização mais produtiva e permite ao RH atrair os talentos certos e criar benefícios sociais para todos. Contudo, o local laboral para os grupos minoritários não se tornou as mil maravilhas com essa percepção generalizada. Apesar de determinadas melhorias, ainda há muito a ser feito e é dever da liderança de cada estabelecimento agir em prol desse objetivo. Conheça mais do cenário e como aprimorá-lo!

 

O processo de implementação da diversidade 

Um estudo realizado pela Catalyst em parceria com a Harvard Business School sobre as diretorias da Fortune 500 descobriu uma superioridade vinda de locais com equipes inclusivas de gênero, sendo aprimorados em esforços de RSC (Responsabilidade Social Corporativa) e contribuindo mais para fundos de caridade. As instituições com um número maior de mulheres no conselho superaram estatisticamente seus pares por um longo período. 

Mesmo esses serem assuntos indispensáveis para estarem presentes nos debates cotidianos dos empreendimentos, a forma como são abordados e implementados se difere para cada companhia. Nesse sentido, a “Pesquisa Benchmarking: Panorama das Estratégias de Diversidade no Brasil 2022”, de autoria da Blend Edu, analisou as 11 ações mais recorrentes nos programas internos de D&I. 

Segundo o levantamento, realizado com 117 corporações nacionais de diferentes portes e áreas de atuação, 95,9% delas realizam campanhas e ações de comunicação para potencializar a comunicabilidade inclusiva interna e externamente. Já 90,4% das pesquisadas afirmam organizar eventos para promover a temática. Contudo, ambas as atitudes já eram recorrentes desde a primeira edição da pesquisa aplicada em 2020.

Todavia, houve um avanço na utilização de dados e monitoramento de indicadores, os quais subiram para 78% a quantidade de corporações realizando pesquisas de censo de diversidade e para 76% as monitorando continuamente indicadores. “Isso nos leva a perceber como, gradativamente, as companhias têm investido mais no levantamento e monitoramento de dados, acompanhando a evolução das ações do programa de diversidade”, avalia Thalita Gelenske, fundadora e CEO da Blend Edu.

Ademais, também foi observada uma elevação expressiva no número de organizações com canais de denúncias com recorte de D&I. Em 2022, o índice atingiu 86% e estava em 70% na última edição. Outro ponto de destaque é o avanço no percentual de marcas possuindo grupos de afinidade. Enquanto somente 70% diziam ter esse tipo de iniciativa em 2020, agora o indicador é de 89%. “Por isso, é fundamental as corporações evitarem terceirizar a responsabilidade de gestão às pessoas participantes destas associações”, indica Thalita.

Por outro lado, houve uma redução de cinco pontos percentuais no número de entidades realizando feitos de atração e recrutamento de talentos múltiplos, com o índice caindo de 80% (2020) para 75% (2022). Apesar do patamar alto, tendo como suporte os demais indicadores, a hipótese é de uma ampliação no investimento na criação de estrutura interna para maior assertividade nas contratações. “Tais ações possibilitam uma maior taxa de retenção. Esse cenário explica essa queda, até porque existem estudos apontando uma alta rotatividade de pessoas, quando não existe um ambiente proporcionando o senso de pertencimento e desenvolvimento de carreira aos grupos minorizados”, conclui a executiva.

 

A relevância de trazer a inclusão a tona desde a infância

Os últimos meses de 2023 foram marcados por episódios de violência envolvendo estudantes e escolas, além de racismo sofrido por jogadores de futebol brasileiros em campo. Assim, especialistas, pesquisadores, professores e familiares se preocupam em encontrar maneiras eficazes de evitar esse comportamento, prover uma orientação e prevenir novos ocorridos. O caminho viável, segundo as mais modernas tecnologias pedagógicas, está na promoção da Educação Integral, com o aprendizado de competências essenciais para a convivência em sociedade e o bem-estar coletivo. 

Nesse sentido, uma ótima ferramenta pode ser o universo lúdico da leitura. Projetos de capacitação de equipes pedagógicas para trabalharem temas como o anti racismo em sala de aula, com o suporte de um acervo de obras lúdicas, tende a ser um movimento de excelência. Recorrendo a ilustrações vibrantes e narrativas leves e criativas, é possível abordar assuntos complexos de maneira didática, estimulando a construção de uma visão mais inclusiva, de respeito ao próximo, reconhecimento das raízes e riquezas culturais.

Logo, seguindo essas diretrizes e usando as obras como estratégia, é possível mexer com habilidades como autoconhecimento, equilíbrio emocional, capacidade de comunicação, relacionamento e interação, compreensão do mundo, pensamento crítico e engajamento comunitário para a promoção do bem comum. “Dessa forma, conseguimos disseminar conceitos como a compreensão, valorização e inclusão dos diferentes gêneros e raças, os quais os estudantes levarão para a vida”, explica Priscila Col Del Nero, coordenadora na Evoluir.

A profissional ainda lembra como, hoje, em face dos episódios de violência, muitos docentes encontram dificuldade para abrir espaço para tirar as dúvidas dos alunos e fomentar o debate sobre a intolerância racial de forma estruturada. Pensando por esse lado, os livros têm enorme potencial para um papel crucial. “A leitura cria esse momento de mediação, de escuta, de reflexão coletiva sobre negritude. Quem não é negro precisa se aprofundar mais nesse universo e entender vivermos um racismo estrutural. A empatia e a compaixão são habilidades socioemocionais urgentes para fazer frente aos discursos de ódio e reverter esse quadro preocupante”, conclui a gestora.

 

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