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O desemprego é a realidade de cerca de 13,9% da população, segundo dados do IBGE – Instituto Brasileiro de Geograa e Estatística referentes ao último trimestre de 2020. Para os jovens de 18 a 24 anos, inclusive os recém-formados, o cenário é ainda mais difícil, pois a taxa ca em 29,8%. Justamente para entender o contexto de quem pegou o diploma entre 2019 e 2020, o Nube – Núcleo Brasileiro de Estágios, fez uma pesquisa para checar a empregabilidade desse público.

A crise do Covid-19 prejudicou duramente esses novos prossionais. Esse é o segundo estudo realizado e contou com a participação de 8.465 brasileiros de todos os estados do país e Distrito Federal. O último levantamento feito, divulgado em 2019, teve como base quem se graduou entre 2014 e 2018. O de agora, portanto, é uma sequência e leva em conta a perspectiva de quem quem se formou em 2019 e 2020, apontando os impactos da crise na geração de oportunidades.

Enquanto até dois anos atrás, 27,02% dos brasileiros conseguiram entrar nas suas respectivas áreas de formação em menos de três meses, hoje, somente 14,87% atingiram esse feito. Essa é uma redução de 44,96% da quantidade de pessoas empregadas em seus ramos em até um trimestre depois da formatura. Dos entrevistados, 52,12% armaram não estar trabalhando. Outros 27,85% estão desempregados há mais de um ano. Dos 43,05% já inseridos no mercado, apenas 19,93% estão executando atividades pertinentes às suas prossões.

Entre os exemplos apontados na pesquisa, estão administradores atuando como operadores de caixa, cozinheiros e até mesmo pedagogos exercendo funções de faxina ou acompanhante de idoso. Dentre outros casos, alguns podem até surpreender. Contadores e advogados como frentistas, designers de games como auxiliares de crédito imobiliário e enfermeiros como cabeleireiros são alguns exemplos dos resultados da pandemia e do fechamento de postos. Há, também, quem se formou em letras na função de porteiro e nutricionistas como babás ou manicures.

Até mesmo dentro do mundo da engenharia (um dos cursos de maior destaque em relação ao volume de vagas) há relatos. Um engenheiro elétrico está trabalhando como motorista de aplicativo e outro engenheiro mecânico é motoboy. Para quem tem mais de uma graduação, a situação também pode ser difícil. “Isso mostra como antes mesmo do coronavírus as organizações já enfrentavam certas diculdades. Entretanto, depois da chegada da crise sanitária, a realidade ficou ainda mais desafiadora, principalmente para o público mais novo”, compartilha Seme Arone Junior, presidente do Nube.

O jovem, ao concluir um curso como direito, psicologia, sioterapia, biologia e etc., sonha em exercer funções pertinentes à sua graduação. Por falta de chances, ele acaba buscando diferentes ocupações, mas ainda almeja uma possibilidade dentro do seu ramo. “Isso não é demérito algum. Seja como frentista, jardineiro ou faxineiro, certamente esse indivíduo fará o seu melhor. Contudo, o principal caminho para transformar o Brasil em uma nação altamente desenvolvida é por meio da educação e da capacitação. Portanto, é preciso criar mecanismos para aproveitar todos esses talentos com mão de obra qualicada. Não podemos deixar de lado esse conhecimento. Só assim poderemos mudar a realidade do nosso país”, arma Seme.

Embora 60,81% dos participantes tenham estagiado durante a faculdade, 65,71% relataram como a maior diculdade para ser aprovado para uma vaga o fato das empresas exigirem experiências as quais os candidatos não possuíam. Apenas 2,82% conseguiram uma inserção como trainee e outros 17,48% participaram de processos seletivos para esse tipo de colocação, mas não foram aprovados. “O estágio é uma excelente fonte de capacitação. Entretanto, com a economia incerta, as companhias demandam cada vez mais habilidades dos seus colaboradores, não apenas as técnicas oferecidas em sala de aula. É preciso também fazer cursos extracurriculares, construir um bom networking e aproveitar todas as chances para aprender sobre sua carreira”, orienta.

Cerca de 11,11% já desistiram de procurar empregos por conta da pandemia. Entretanto, Arone Junior destaca a importância de não “entregar as pontas”. “O momento, de fato, é extremamente complexo de se lidar, mas é preciso erguer a cabeça, porque com o avanço da vacinação no país, a economia vai, aos poucos, melhorando. Portanto, vamos seguir em frente sem perder a esperança”, conclui o presidente.

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