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Com ou sem pandemia, a juventude é uma fase marcada por mudanças e desafios. Nesta etapa, que marca a transição para a vida adulta e durante a qual cada decisão influencia diretamente o futuro educacional e profissional, é comum dedicar-se aos estudos, ao trabalho ou aos dois, simultaneamente. No entanto, a crise sanitária mundial tem imposto mais obstáculos aos jovens brasileiros; afinal, a pandemia aumenta o risco de evasão escolar (seja ainda no colégio ou no curso técnico, seja na faculdade), bem como pressiona os índices de desemprego.

Segundo o Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea), cerca de 10,5 milhões de jovens nem estudam, nem trabalham. Eles correspondem a quase 24% da população de 15 a 29 anos. O risco é de que esse número aumente. Mais de 54% dos 44,3 milhões de jovens estão empregados, sendo que quase 13% conciliam o trabalho com os estudos e 22% apenas estudam. Os números foram calculados pelo Ipea a partir de dados coletados pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) por meio da Pnad Contínua (2019) e da Pnad Covid19 (2020). Essa última tem caráter experimental durante a pandemia.

É comum observar períodos de inatividade na trajetória de jovens, mas longo tempo improdutivo deixa cicatrizes irreparáveis na carreira, conforme conclui o Ipea. E é justamente um alongamento do período sem trabalho ou sem estudo que muitos jovens estão enfrentando no Brasil com a pandemia. Quanto mais tempo longe da escola e do mundo do trabalho, maiores são os riscos de precariedade e exclusão do mercado ao longo da vida. Jovens sem acesso à educação, formação e experiência profissional estão cada vez mais afastados da esfera do trabalho decente.

Os impactos da pandemia começam a mostrar a cara a esse grupo etário de modo mais severo. Levantamento do Conselho Nacional da Juventude (Conjuve) feito com 33.688 jovens de todo o país revelou que quatro a cada 10 entrevistados perderam totalmente ou tiveram a renda diminuída até junho. Mais da metade afirmou que a renda continuou a mesma, mas 25% não estavam trabalhando antes da pandemia, portanto, seguem em situação de vulnerabilidade. Além disso, 27% dos jovens precisaram deixar o emprego por parada temporária das atividades, por demissão ou fechamento do local de trabalho, e 33% buscaram uma forma de complementar a renda. Além disso, 24% dos jovens entre 15 e 29 anos pensam em não voltar à escola.

Desencorajamento

Além de perderem em rendimentos, os jovens têm a motivação afetada, como mostra análise do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea): considerando o mês de julho, cerca de 54% dos nem-nem desistiram de procurar emprego, índice 8% maior do que o registrado em janeiro deste ano. A pesquisa revelou ainda que, entre os jovens que estavam desocupados há mais de um ano (longo prazo), 61% afirmam que pararam de procurar emprego devido à pandemia. A mesma resposta foi dada por 62% dos desempregados em curto prazo. Daqueles que já não estavam procurando emprego antes, cerca de 48% se dizem ainda mais desencorajados em razão da crise sanitária.

Nota-se que a maioria dos nem-nem pertencentes à subcategoria de gravidez, saúde ou incapacidade e afazeres domésticos afirma outros motivos para não procurar emprego no momento. “A pandemia está desmotivando os jovens a buscarem emprego”, afirma Enid Rocha, pesquisadora do Ipea e responsável pelo estudo. “Esse número (de jovens desencorajados para procurar trabalho) pode aumentar muito. É difícil arriscar uma proporção, mas podemos dizer que esses jovens, por não estarem estudando nem trabalhando, ficarão sem acumular experiência e educação. Então, quando voltarem ao mercado, serão colocados para trás com relação à nova geração”, completa.

Economista e doutora em ciências sociais pela Universidade Estadual de Campinas (Unicamp), Enid explica que é comum que os jovens nem-nem transitem dentro e fora do mercado de trabalho. “É típico da juventude ficar um tempo sem trabalhar e, depois, voltar. Entretanto, durante a pandemia, percebe-se que, embora eles queiram trabalhar, as necessárias medidas de isolamento social os têm impedido”, explica.

Sem procurar emprego

A totalidade dos jovens nem-nem (não trabalham, não estudam e não estão em treinamento) divide-se em dois conjuntos. O primeiro inclui os que que integram a força de trabalho porque estão procurando emprego; ou seja, estão desempregados, mas querem trabalhar e buscam oportunidades. O segundo conjunto é dos que estão fora da força de trabalho e não procuram emprego.

Incluem-se nesse segundo grupo jovens desencorajados, que desistiram de procurar trabalho porque acham que não existe emprego para eles; jovens que têm responsabilidades familiares e não estão disponíveis para o mercado de trabalho; e ainda jovens com alguma incapacidade física, problema de saúde ou gravidez e que, por isso, não podem trabalhar. A força de trabalho é composta por ocupados e desocupados (empregados e desempregados que procuram emprego).

Antes da pandemia, a proporção de jovens nem-nem fora da força de trabalho já era alta (57%). Com a crise sanitária, isso aumentou. A análise dos dados pelo Ipea revela que também cresceu a parcela dos jovens nem-nem desocupados. O que garante a subsistência dessas pessoas, muitas vezes, são ajudas do governo: em maio, a maior parte dos nem-nem recebia algum apoio entre Bolsa Família, Auxílio Emergencial e Benefício de Prestação Continuada (BPC).

Recomendações

O Ipea produziu um conjunto de propostas para o governo pensando no período pós-covid-19, considerando os diferentes motivos pelos quais os jovens viveram longos períodos de inatividade. Entre as estratégias sugeridas estão a oferta de uma segunda chance de escolarização, como a ampliação da Educação de Jovens e Adultos (EJA), maior oferta da educação infantil e busca ativa de quem está desvinculado do mercado. “Aproveitando toda a estrutura que o governo brasileiro tem e os programas existentes, seria possível fazer uma ação coordenada para alcançar esses jovens”, propõe a pesquisadora do instituto Enid Rocha.

Outro ponto importante é trabalhar as competências socioemocionais dos jovens, pois estudos revelam que a ausência dessas habilidades afeta mais drasticamente essa parte da população. “Os jovens nem-nem apresentam maiores dificuldades em relação à autoestima e a autoconfiança. Por isso, é muito importante ter programas de formação em habilidade socioemocionais. Afinal, muitos não sabem como se comportar em uma entrevista ou trabalhar em equipe”, enumera. Confira o documento com todas as recomendações no link.

Empecilhos ao emprego

 Apesar de a baixa escolaridade ser um fator que diminui as chances de empregabilidade dos jovens, quem tem ensino superior também encontra dificuldade no mercado. Segundo pesquisa do Núcleo Brasileiro de Estágios (Nube), feita com recém-formados entre 2014 e 2018, cerca de 45% dos graduados estão desempregados. Embora a taxa de ocupação ultrapasse 50%, apenas cerca de 25% conseguiram trabalho na área de formação em menos de três meses. Enquanto isso, aproximadamente 21% migraram para outras áreas de atuação diferentes da de formação. Dentre os desempregados, 18,76% estão há mais de um ano em busca de emprego.

Para Helenice Accioly, coordenadora de Seleção do Nube, o mercado está difícil para profissionais de diversas áreas e níveis de formação e não só por causa da pandemia. “A ideia de que quem tem ensino superior não fica sem emprego não faz mais sentido, pois, nos últimos anos, houve um crescimento no número de pessoas nas universidades e aumentou a concorrência de candidatos com esse nível de formação”, explica Helenice, formada em psicologia pela Universidade Paulista e pós-graduada em psicopatologia e saúde pública pela Universidade de São Paulo (USP).

Por isso, a dica dela para alcançar o tão sonhado cargo é nunca parar de estudar, manter-se atualizado e criar uma boa rede de contatos, para assim, estar ciente das melhores possibilidades. “O momento exige cada vez mais a qualificação do profissional”, aconselha Helenice.


Falta de experiência

 

Ainda segundo o estudo da Nube, a maioria (58,8%) dos recém-formados desempregados acredita que não conseguirá o “sim” nas entrevistas devido à falta de experiência necessária na área de atuação. Esse é caso de Ronan Bento de Castro, 24 anos, formado há menos de um ano em ciência política pela Universidade de Brasília (UnB). O foco dele é trabalhar em alguma firma de consultoria. A busca, sem resultado até agora, começou pouco antes da pandemia. “Recebi o feedback de algumas empresas dizendo que eu ainda não me encaixava no perfil”, diz.

Durante a graduação, o jovem estagiou em órgãos públicos e dedicou-se a pesquisas e atividades complementares. “Eu tenho domínio das ferramentas necessárias. Porém, percebo que as empresas dão preferência para ex-estagiários. A ausência de experiência no setor privado pode ter me comprometido”, supõe. Agora, ele tenta usar o tempo livre para aprimorar o perfil profissional e tirar projetos pessoais do papel, como estudar para ingressar em uma segunda graduação. “Entrei em associações, grupos de profissionais que atuam em Brasília, acompanho as mídias, participo de lives e apresento meu perfil quando possível. Estou esperançoso, mas não coloco minha energia somente nisso”, conta.


Falta de oportunidades causa desmotivação

Emanuele Silva, 20 anos, é exemplo da estatística que revela o aumento da desmotivação entre jovens. Desempregada desde maio, ela desistiu de procurar emprego após não receber nenhum retorno das oportunidades em que se inscreveu. “Mandei currículos, me cadastrei em sites de vagas e nenhuma empresa fez contato. Não fui chamada para nenhuma entrevista”, diz. O último trabalho foi como gerente de um lava-jato, do qual Emanuele pediu demissão. Na época, ela morava sozinha, mas hospedava em casa a mãe, que está grávida e passava por dificuldades financeiras, e a irmã de 10 anos.

“Com essa pandemia, não deu para continuar (trabalhando lá). Eu ficava muito exposta e minha mãe está em uma gravidez de risco. Então, estava deixando de ter contato com ela para poder trabalhar”, conta. Emanuele terminou o ensino médio em 2017 e teve diversos trabalhos, incluindo a subgerência de um posto de gasolina. “Trabalho desde muito nova, e o que você me der para fazer eu faço. Fui babá, secretária, trabalhei também em escritório de contabilidade, banca de verduras, vendi bolo no pote na rua”, comenta. Na opinião da jovem, a falta de oportunidades se dá em razão da pandemia e não do currículo, já que ela fez cursos de inglês e informática básica.

“Como uma pessoa que tem esse tanto de experiência não consegue um emprego, nem mesmo um bico? Isso é problemático”, pontua. Agora, desmotivada para buscar uma vaga formal, Emanuele planeja investir em um novo projeto. Há poucos meses, decidiu morar com o namorado, professor de cursinho para concursos e consultor legislativo, e deve ajudá-lo a preparar materiais de estudo. No entanto, as atividades do site só devem começar no fim deste mês e o retorno financeiro, a partir do ano que vem. “Até lá, fico dependendo dele”, conta.

Mesmo com muitos receios, Emanuele se diz empolgada com o projeto. “É um tiro no escuro, pois é um trabalho muito diferente e sem carteira assinada, mas, se der certo, será muito bom para mim, pois terei tempo para voltar para a faculdade”, diz. Em 2018, Emanuele iniciou o curso de saúde coletiva na Universidade de Brasília (UnB), mas precisou trancar para continuar trabalhando. Agora, ela deseja voltar para o ensino superior, desta vez, para cursar letras português e tornar-se professora.


Nem-nem ou sem-sem?
Há instituições e pesquisadores que sugerem trocar a terminologia “nem” por “sem”, usando o termo sem-sem (referindo-se a sem estudo e sem trabalho), já que, para muitos, o que falta é oportunidade. Chamar essa população de nem-nem traz uma falsa sensação de que os jovens estão nessa situação porque querem ou de que são responsáveis por isso, sendo que, muitas vezes, não é essa a realidade e, em vários casos, trata-se de um quadro temporário.


Como ficam os estágios?

O estágio é extremamente importante durante a vida acadêmica. No entanto, trabalhar e estudar ao mesmo tempo durante a pandemia é uma tarefa que exige ainda mais força de vontade. Isso porque a oferta de vagas de estagiário, assim como de emprego, caiu durante a crise sanitária em diversas instituições. Antes da pandemia, a média semanal de oportunidades no Núcleo Brasileiro de Estágios era de aproximadamente 5 mil. Entre abril e junho, esse número sofreu uma queda de 80%.

Com a diminuição da oferta de vagas, aumentou, consequentemente, a concorrência. Helenice Accioly, coordenadora de seleção do Núcleo Brasileiro de Estágios (Nube), diz que não há como prever, com exatidão, como estará o quadro pós-crise. “Houve uma queda brusca no número de postos abertos, alcançando 92% em abril em relação ao mesmo período do ano passado. Contudo, ocorreu uma gradativa melhora no quadro desde então, chegando a 45% no mês de julho. Se a tendência de rápida recuperação perdurar, os estudantes podem ficar esperançosos”, diz.


Pesquisa feita entre 3 e 14 de agosto mostra que quase metade dos jovens está com dificuldade para achar uma vaga de estagiário, enquanto pouco mais da metade está otimista. Confira como os candidatos se sentem nessa busca:

53,68% Sim, estou otimista e devo encontrar uma em breve

40,24% Sim, mas não está sendo fácil

4,16% Depende, até quero, mas tem poucas oportunidades

1,23% Não, estou muito pessimista por conta da pandemia

0,69% Não, parei de procurar, só voltarei quando tudo passar

Fonte: Núcleo Brasileiro de Estágios (Nube)


Sete passos até o primeiro emprego

Diante do atual cenário e de uma concorrência que só aumenta, inclusive entre candidatos com ensino superior completo, muitos se perguntam como conseguir o primeiro emprego dentro da área de formação. Confira dicas de Erika Linhares, palestrante e executiva especializada em habilidades comportamentais em organizações e pedagoga.


1. Procure estágio o quanto antes enquanto estiver na faculdade. Assim, poderá adquirir alguma experiência. Pessoas que deixam para procurar emprego após se formarem têm mais dificuldades do que aquelas que estagiaram durante o período de estudo.

2. Cuidado com as altas expectativas. Nem sempre o primeiro emprego é a vaga dos sonhos ou o salário é o imaginado. Regule as expectativas. Quem foca apenas em encontrar cargo e remuneração ideais perde tempo. Continue buscando o que quer, mas não deixe de aproveitar oportunidades que aparecerem no caminho.

3. Saiba muito bem o que quer. Pesquise sobre o cargo que deseja conquistar e sobre as empresas onde deseja trabalhar. Busque informações sobre qual tipo de profissional a instituição procura e com quais qualificações. Sabendo o que quer, trace seu plano e corra atrás desse objetivo. Quem não sabe o que quer acaba não saindo do lugar.

4. Seja uma pessoa antenada. Entenda o mundo ao seu redor, leia notícias, mantenha-se atualizado. Mesmo não tendo experiência profissional, é fundamental mostrar que está inteirado do que tem ocorrido no Brasil e no mundo. Faça cursos, participe de eventos na sua área, vá a feiras e palestras.

5. Faça um bom currículo, mesmo sem ter experiência profissional. Descreva qual é a sua graduação, suas habilidades técnicas e quais línguas fala, por exemplo. Relate experiências acadêmicas notáveis e trabalhos voluntários. Fale sobre monografias, intercâmbios, participação em congressos e seminários. Lembre-se de situações em que se sentiu desafiado e conte como
solucionou problemas.

6. Preocupe-se com a sua marca pessoal. Cuide bem da imagem que está passando aos outros e às empresas. O currículo é uma propaganda de habilidades. Seja você mesmo. Não elabore mentiras para impressionar. Quanto mais sincero e honesto for, mais transmitirá verdade ao entrevistador. Conte também no currículo sobre sua capacidade de resolver problemas, de ter empatia, de saber inovar, etc. Hoje, as empresas contratam, demitem e promovem pessoas de acordo com as habilidades comportamentais.

7. Divulgue a si mesmo. Entre nos sites de empresas que gostaria de trabalhar e cadastre seu currículo. Vá atrás de agências de emprego e ative seu networking. Fale com amigos, pessoas com quem estudou, professores etc. Faça com que os outros lembrem de você e saibam que está procurando uma colocação.


Três perguntas para

Juliana Nobre, gerente de Cidadania Corporativa da International Business Machine Brasil (IBM) e especialista em responsabilidade social corporativa pela Fundação Getulio Vargas (FGV)

Por que o conhecimento tecnológico é tão importante para os jovens?
Atualmente, as tecnologias avançam em um ritmo muito acelerado, a demanda por profissionais com as habilidades necessárias para atuar nesse mercado só aumenta e um dos grandes desafios nesse cenário é preparar pessoas com essas competências. Acredito que os jovens precisam ter acesso a um ensino que os tornem aptos a esta nova realidade, que é digital, deixando a experiência educacional mais próxima ao mundo de trabalho, que é bastante dinâmico, e entendendo a aplicabilidade dessas novas tecnologias, como a Inteligência Artificial (IA), na resolução de problemas. Por isso, aqui na IBM, temos a educação como um de nossos pilares e seguimos investindo em iniciativas para fomentar o aprendizado no Brasil e capacitar esses profissionais do futuro.

A formação na área realmente traz mais oportunidades de emprego?
Atualmente, a tecnologia está presente em quase todos os setores. Ela dá às empresas uma vantagem competitiva. Um número crescente de setores antes considerados “não digitais”, agora, adota pelo menos algum aspecto da tecnologia. De acordo com o último relatório do Fórum Econômico Mundial, mais de 42% de todos os empregos sofrerão alterações significativas até 2022 e exigirão novas habilidades, como analítica avançada, design thinking e soft skills. Jovens que têm esse conhecimento saem na frente, pois contam com as habilidades que são disputadas pelo mercado de tecnologia ou qualquer indústria que adote tecnologia em sua transformação digital. Isso os posiciona de forma competitiva em relação a salários e posições de trabalho.

Como funcionam os cursos da IBM? Qualquer um pode se cadastrar?
Sim! O Open P-TECH é uma plataforma que apresenta diferentes tipos de conteúdo de educação digital gratuita e é aberta a todos. Ela foi criada com o objetivo de capacitar jovens e educadores em competências tecnológicas em áreas como segurança cibernética, inteligência artificial e computação em nuvem, além de outras habilidades profissionais valorizadas no mercado de trabalho. Após concluir os cursos, os alunos podem ganhar “badges digitais”, que são certificados. Esse tipo de reconhecimento pode ser incluído no currículo e auxiliar no processo de candidatura a uma vaga de emprego. Open P-TECH está disponível para estudantes, docentes e representantes de instituições de ensino de todo o Brasil no link: www.ptech.org/open-p-tech.


A importância da tecnologia para a carreira


Especialistas concordam que a especialização é uma grande aliada dos jovens para ingressar no mercado de trabalho. Neste sentido, estar atendo às mudanças tecnológicas é fundamental. Segundo estudo da International Business Machines Brasil (IBM), com a participação de alunos do ensino médio de 14 a 18 anos em diversos países, 66% dos estudantes afirmaram estar interessados em seguir carreira em tecnologia porque consideram que a maioria dos empregos exige inovação. No Brasil, 70% dos entrevistados acreditam na importância da inteligência artificial (IA) para a carreira, mas apenas 41% se sentem equipados para usá-la.


O empreendedorismo como saída

 

Devido à falta de oportunidades no mercado de trabalho, o empreendedorismo é visto como saída para driblar desemprego. Para Gustavo Cezário, gerente da Unidade Cultura Empreendedora do Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (Sebrae), mesmo em tempos de pandemia, é possível investir no próprio negócio. “Empreender é transformar ideias e oportunidades em algo de valor para o outro. Então, isso tem muito a ver com capacidade de educação e entrega”, afirma Cezário, mestre em relações internacionais pela Universidade de Brasília (UnB). Segundo ele, o empreendedorismo é um dos propósitos no novo ensino médio e da Base Nacional Comum Curricular (BNCC), que visa alcançar o protagonismo juvenil. “Destaca-se o jovem que escolhe o próprio caminho e itinerário”, diz.

No entanto, um bom empreendimento não nasce da noite para o dia e sem esforços. “Empreender é mais do que abrir um negócio. É uma competência que está relacionada diretamente a saber valorizar ideias, ter leitura de contexto e oportunidade, conseguir mobilizar recursos e colocar a ação em prática”, assegura Cezário. Por isso, continuar estudando tendências do nicho escolhido, as novas técnicas de trabalho e as transformações digitais é essencial. “Não paramos mais de estudar, o mundo muda muito rápido e precisamos aprender não só competências técnicas (como gerir uma empresa), mas também e, sobretudo, competências socioemocionais (como ser mais resiliente ou falar em público com convencimento).”

Construindo uma marca

Após perder o estágio em uma clínica médica por causa da pandemia, a estudante de nutrição Talyssa Yamane, 19 anos, precisou rapidamente encontrar uma alternativa. Ela usava o dinheiro do estágio para pagar as mensalidades do Centro Universitário Iesb. “Eu fui demitida, não havia previsão para quando voltariam a contratar e o meu currículo era muito cru para procurar outro emprego”, relata. “No início, eu não gostava da área do comércio. Entretanto, sabendo que meus pais não tinham condições de pagar minha faculdade, vi que precisava fazer algo.”

Mesmo com pouco experiência, a jovem abriu não só uma, mas duas lojas virtuais durante a crise sanitária. No Instagram, ela administra os perfis @nazdrinks e @nazpratas. O primeiro vende joias em prata e velas aromáticas, enquanto o segundo é voltado a especiarias para drinks e destilados, além de caixas e copos personalizados da marca. Talyssa tinha certa experiência por causa do brechó da mãe dela, onde ajudava com as finanças. Mesmo assim, não se sentia preparada para empreender. “Eu tinha muito medo. Era eu sozinha, muito nova e sem entendimento nenhum sobre nada. Eu mal sabia passar um cartão”, revela.

Por isso, o primeiro passo foi estudar, assim como sugere Gustavo Cezário, gerente do Sebrae. Sem dinheiro para investir em cursos, ela pesquisou por conta própria questões de engajamento da rede social em que trabalharia, design e marketing. “Nem tudo dá para pagar para alguém fazer. Então, eu tive que colocar a cara a tapa e aprender sozinha”, afirma. Em abril, a loja on-line de pratas estava pronta e, rapidamente, vendeu toda a coleção. Meses depois, em agosto, incentivada pelos amigos, a apaixonada por drinks lançou o segundo perfil.

O movimento ainda não é forte, mas a ajuda a pagar as despesas. Agora administrando o próprio tempo, Talyssa conta que consegue dedicar-se mais aos estudos e a si mesma. Ela pensa em continuar investindo nas lojas para, no futuro, conciliar o empreendimento com a carreira que deseja seguir, que, muito provavelmente, será ligada ao setor administrativo da nutrição. “Hoje, gosto muito do que faço. É muito bom criar sua marca, ter ideias próprias e ver as pessoas elogiarem sua autenticidade”, diz.


Quatro passos para empreender

Segundo Gustavo Cezário, gerente da Unidade Cultura Empreendedora do Sebrae, o ciclo DIMI (Descoberta, Ideação, Modelagem e Implantação) é essencial para quem deseja empreender. Entenda:

Descoberta: nesse primeiro momento, deve-se explorar novas ideias e analisar oportunidade. A pergunta a ser feita é: para o que quero empreender?

Ideação: após descobrir qual será seu empreendimento, é importante ter autoconsciência da motivação do negócio e entender qual o propósito e como ele se encaixa na sua ideia.

Modelagem: essa é uma fase de planejamento. Deve-se definir qual a proposta de valor do empreendimento e estabelecer qual modelo de negócio será seguido.

Implantação: o empreendedorismo não pode ser apenas teórico e requer o exercício do fazer. Esse é o momento de errar e aprender com os erros. Afinal, são eles que nos permitem tentar novamente e iniciar uma nova fase.

Os desafios de quem continua trabalhando 

Segundo pesquisa do Conselho Nacional da Juventude (Conjuve), 73% dos jovens continuaram trabalhando. Entre eles, 30% tiveram alteração na carga horária desde o início da pandemia, seja por aumento da jornada seja por redução. Para a assistente técnica da Fundação de Amparo ao Trabalhador Preso do Distrito Federal (Funap/DF), Lyvia Hana Santos, 21, a carga horária no teletrabalho tornou-se ainda maior do que quando atuava de modo presencial. “Estamos na nossa casa, é mais confortável e não tem tanto isso de horário para iniciar e terminar. Então, enquanto tem trabalho, nós estamos fazendo”, relata a jovem comissionada que está há um ano do órgão. Com a implementação do home office, Lyvia viu a rotina mudar completamente.

“Eu tive de me dividir em várias funções porque, além de prestar serviços para o meu trabalho, tenho de cuidar dos afazeres domésticos, ajudar a minha irmã, que recentemente deu à luz a gêmeas, e do meu irmão mais novo, que está estudando on-line. Está sendo bem difícil”, conta. Depois de quase cinco meses trabalhando de casa, a jovem voltou às atividades presenciais na última terça-feira (1º/9). Segundo ela, o retorno físico assusta. “Estávamos isolados, tendo contato apenas com nossos familiares e, de repente, nos vemos em um mar de gente, com pessoas que tiveram contato com o novo coronavírus e estão à deriva do medo e da incerteza. Nas ruas, também, a gente percebe que as pessoas não respeitam tanto o distanciamento e o uso de máscaras”, observa Lyvia.


Conciliando atividades

Imagine cursar faculdade, precisando dedicar tempo a projetos de pesquisa e o TCC, além de estagiar numa escola de ensino médio particular, ter um emprego fixo como professora de um curso pré-vestibular e atuar numa plataforma de correção de questões. Essa é a rotina da estudante de letras da UnB Geisa de França, 21. Com horários variados ao longo da semana, é um pouco difícil detalhar o que ela faz ao longo do dia. A jovem tem conciliado diversas atividades de modo remoto desde o início da pandemia.

Passando o dia inteiro em casa trabalhando sentada, Geisa passou a sentir mais dores na coluna. Por isso, tenta sempre iniciar o dia com alongamentos ou exercícios que ajudem a minimizar a dor. “Quando não estou estudando, estou trabalhando, e vice-versa. Só eu consigo entender minha rotina”, diz. “Eu sempre fiz muitas coisas e preciso continuar fazendo, porque tenho minhas contas, estou me organizando para tentar um mestrado ano que vem. Então, devo poupar dinheiro”, justifica. “O que intensificou mais a rotina acabou sendo a necessidade de adaptar as aulas para o modo on-line. Tive de pensar em novas metodologias”, explica.

De acordo com ela, um dos maiores desafios de conciliar as atividades remotamente é fazer a mente entender que o trabalho está dentro de casa, ambiente que antes simbolizava o descanso. “No começo, eu não estava dando conta de fazer tudo. Agora consigo, mas o planejamento é completamente diferente.” Geisa voltou a fazer acompanhamento psicológico durante a pandemia. “Eu tive crises de ansiedade muito fortes, faço terapia on-line e tomo calmantes. Eu sou muito energizada. Então, minha psicóloga trabalha com métodos de relaxamento. Isso tem sido muito bom e me ajudado bastante”, revela.

O momento pede calma. A psicóloga e coordenadora do Nube, Helenice Accioly, lembra que a crise é passageira. Para manter o foco, ela aconselha traçar objetivos de curto e longo prazo, sempre pensando nas possíveis adaptações e flexibilizações impostas pela situação atual. “Apesar de não sabermos exatamente quando, tudo isso vai passar. O importante é aprender a lidar com as emoções e evitar exigir muito de si mesmo agora. É hora de buscar apoio entre amigos, familiares e não desistir. Enfim, continuar em frente, não deixar de correr atrás, mas conhecer seus limites e, se necessário, dar alguns passos para trás para manter a saúde mental”, indica.

 

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