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Atualmente, o desemprego entre os jovens chega a 26,6%.

Muitos candidatos a vagas de estágio e aprendizagem perdem as oportunidades por conta de deslizes na língua portuguesa. Nas etapas de seleção, exames ortográficos e redações são os principais testes e servem para filtrar os melhores participantes. A fim de avaliar esse cenário, o Núcleo Brasileiro de Estágios (Nube) realizou pesquisa com mais de oito mil concorrentes. Um ditado, com 30 palavras do cotidiano, como “exceção”, “textura”, “artificial”, “autorizar”, “licença” e “desperdício”, foi aplicado. Quem cometesse mais de sete erros era eliminado. O desempenho ficou aquém do esperado.

Quase a metade dos 8.239 avaliados, durante todo o ano de 2017, não obteve sucesso. Foram 3.811 (46,3%) reprovados e 4.428 (53,7%) aprovados. Na visão da recrutadora Nardejane Silva, o dado é chamativo, pois a correta ortografia é imprescindível para qualquer profissão. “Uma falha gramatical em um e-mail direcionado a um cliente, por exemplo, pode comprometer a imagem do remetente e, consequentemente, da empresa. Por esse motivo, o português é um critério tão importante”, explica.

A taxa mais alta de desclassificação foi dos estudantes de 16 a 24 anos, com 46%. Já entre os adultos de 25 a 30, o percentual foi de 21%. O resultado pode ser devido ao pouco preparo dos menos experientes. “Há questões como falta de atenção e nervosismo, as quais, muitas vezes, predominam em um processo seletivo. Logo, devem ser trabalhadas desde cedo”, recomenda a especialista.

No diagnóstico por níveis, os alunos do ensino médio se destacaram com 70,7% de sucesso. Entretanto, o destaque negativo foi dos universitários: houve 49,6% de reprovação no superior. Muitas vezes, a pessoa se forma sem ter aulas de gramática ou redação. “Na faculdade, é priorizado o estudo de conteúdos mais específicos da carreira”, afirma Nardejane.

Na segmentação por áreas, a notoriedade foi para as Ciências Humanas e Sociais, com 85,3% de êxito. Em seguida, ficaram as Engenharias, tendo 80,7% de acadêmicos bem-sucedidos na avaliação. Contudo, no campo das Artes e Design, o desempenho ficou abaixo das expectativas: 59,5% não passaram. Os discentes de Comunicação também deixaram a desejar, com 53,9% de desqualificados.

Os cursos com mais aprovação foram Direito (94,12%), Engenharia Química (93,10%), Farmácia (87,32%), Química (80%) e Engenharia Mecânica (79,17%). Por outro lado, o índice de reprovação no Ensino Superior preocupa nos campos de Gestão Comercial (68,33%), Eventos (68,18%), Marketing (66,61%), Design (62,50%) e Publicidade e Propaganda (59,49%).

Ao fazer o recorte entre os matriculados em instituições de ensino particulares e públicas, 49,6% dos pagantes foram barrados na primeira etapa. Teve melhor desempenho quem estuda nas universidades federais, estaduais ou municipais. O índice de insucesso foi de 31,8%. “A ausência de leitura e treino da escrita são as principais razões dos erros cometidos. Quando se lê com pouca periodicidade, o vocabulário tende a ser menos qualificado”, ressalta Nardejane.

Esse bom hábito deve ser desenvolvido também em outros ambientes. “É essencial ser autodidata e buscar essa competência além do imposto em sala de aula. Pode-se começar com livros, textos e artigos de assuntos do seu interesse e expandir para os mais diversos temas e, assim, evoluir seu repertório de palavras”, indica a selecionadora.

Em tempos nos quais o desemprego é tão alto entre os jovens, chegando a 26,6%, é relevante não escorregar nesse quesito. Há mais candidatos em relação ao número de vagas. Porém, muitas não são preenchidas pela baixa qualificação ortográfica. “Em uma seleção com 20 pessoas, após o teste ortográfico, há grandes chances de ninguém ser aprovado”, finaliza Nardejane.

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