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Pesquisa mostrou que quase 40% dos estagiários mostra dificuldades com a língua portuguesa logo no processo de seleção, problema que persiste em outros estágios da vida profissional 

 Facebook, Whatsapp, Twitter, Instagram… Em tempos de redes sociais e uma comunicação mais dinâmica e informal, inclusive no ambiente de trabalho, as abreviações e expressões coloquiais acabaram se impondo ao padrão culto da língua. Porém, o uso adequado do português, tão negligenciado atualmente, ainda é importante na vida profissional. E isso começa cedo, já no estágio.

Em uma pesquisa elaborada pelo Núcleo Brasileiro de Estágios (Nube), 3.111 candidatos participaram de um ditado com 30 palavras de uso comum no mundo do trabalho como “exceção”, “textura”, “artificial”, “autorizar”, “licença”, “desperdício” e “sucesso”. Quando cometiam mais de sete erros, os participantes eram eliminados. Os resultados assustam: 37,9% dos candidatos foram reprovados.

 O ambiente de trabalho exige um bom domínio do português não apenas para mandar e-mails ou elaborar um documento, mas também no momento de apresentações de projetos ou quando é necessário fazer relatórios, explica a gerente de treinamento do Nube, Eva Buscoff. Obviamente, a frequência de cada situação varia de acordo com o segmento; profissionais do direito, por exemplo, escrevem bastante, formalmente e com o uso de termos técnicos próprios da profissão.

“Conhecer palavras diferentes é essencial para construir argumentos ricos, fazer boas apresentações e construir relações de confiança com as pessoas”, acredita Eva, que acrescenta que é preciso atenção também à comunicação oral. “Claro que não precisa estudar o dicionário e usar palavras que não são do nosso uso corriqueiro, mas é muito valioso ter um vocabulário mais vasto”.

E não é só no primeiro emprego que esses erros aparecem. Professora do curso de Jornalismo da Universidade Positivo e diretora da consultoria em língua portuguesa Toda Letra, Ana Paula Mira, conta que gestores e diretores reclamam que mesmo pessoas muito competentes na sua expertise, indo desde bioquímicos a advogados, encontram problemas quando o assunto é o domínio da norma culta. “Nas empresas, o maior problema é em textos simples e curtos, que precisam ser feitos com mais rapidez. Existe muita falta de objetividade e coerência, com erros de ortografia, pontuação e concordância”.

Falta de habilidade na comunicação “pega mal”

Um dos motivos de tanta preocupação com essa questão é o risco de prejudicar a imagem da empresa. “Já tive clientes que precisaram substituir profissionais por causa de problemas com a escrita”, revela Lucas Oggiam, gerente da Page Personnel, companhia de recrutamento para cargos técnicos pertencente ao PageGroup.

Apesar da situação parecer extraordinária, Ana Paula também tem na bagagem casos de erros de português que custaram mais do que um puxão de orelha. “Já vi situações de pessoas que perderam o emprego por causa de um e-mail mal escrito”, diz, explicando que a mensagem levou a uma perda financeira e mal estar com um cliente. Uma comunicação falha também traz outros pontos negativos, como ruídos com a equipe, perda de credibilidade e problemas de imagem para o público externo. “A longo prazo isso é bem complicado”.

“Independente da geração ou do uso da tecnologia, o português é importante em toda a carreira”, garante Oggiam. “Todo mundo que está contratando espera que os candidatos tenham o nível de comunicação exigida pelo perfil da empresa. É muito diferente contratar para um grupo empresarial tradicional ou contratar para o Google ou o Facebook. Porém, falar e escrever corretamente é exigido por todo mundo”.

Ler, ler e ler ainda é a melhor solução

Para melhorar o domínio do português não tem fórmula mágica. O jeito mais eficiente ainda é ler: ler bastante e conteúdo de qualidade. “Parece clichê, mas é importante”, afirma Ana Paula. “As pessoas leem mais do que algum tempo atrás porque a maioria da comunicação hoje se dá de maneira escrita. Mesmo o telefone é basicamente um instrumento de escrita”. O problema, neste caso, está na qualidade do material. “As pessoas escrevem do jeito que falam, estranham e sentem dificuldade com uma leitura que não seja vinda da oralidade. O vocabulário da oralidade é totalmente limitado”.

Eva concorda, e aponta que este conteúdo não precisa necessariamente ser literatura, mas é importante que seja algo mais denso. “É preciso se apropriar de um assunto e refletir sobre ele, se informar sobre ele, abrangendo mais o repertório”, reflete.

Outras dicas são buscar cursos de gramática e ortografia on-line e praticar escrever de maneira objetiva. “Isso é possível tentando escrever menos. Releia o seu texto e veja: será que dá pra transformar duas frases em uma, cortar duas palavras de uma frase de cinco?”, aconselha a professora e destaca que tudo é uma questão de hábito. “Deve-se tratar isso como uma obrigação”.

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