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Grande parte das empresas hoje apresentam uma estrutura hierarquizada, com diferentes níveis de autonomia. Normalmente, possuem três camadas estratégicas de responsabilidade empresarial, divididas em níveis operacional, tático e estratégico. Porém, a visão atual de quem está ingressando no mercado mudou. Em uma pesquisa feita pelo Nube - Núcleo Brasileiro de Estágios, a pergunta “Se você pudesse mudar algo no mundo corporativo, o que seria?” teve um surpreendente resultado.

O levantamento foi realizado com 10.258 jovens de todo o país, de 15 a 26 anos, entre os dias 28 de março e 8 de abril. Em resposta, 36,56% “acabaria com a hierarquia, todos seriam iguais”, totalizando 3.750 pessoas. De acordo com a coordenadora de treinamento do Nube, Yolanda Brandão, “o papel do líder se transformou nas últimas décadas. Em sua agenda, deve haver tempo para a equipe, para compreender quais são suas metas na vida, tanto no aspecto pessoal quanto no profissional e assim, traçar estratégias e acompanhar o desenvolvimento de seus colaboradores individualmente”, comenta a especialista, enfatizando alternâncias nos moldes tradicionais de gestão.

Em janeiro deste ano, a companhia americana de comércio eletrônico Zappos causou um alvoroço na mídia internacional ao anunciar a eliminação de todos os cargos corporativos e se reorganizar, seguindo o conceito de holocracia. O conceito por trás da palavra, ainda desconhecida pela maioria, é organizar seus 1.500 funcionários em círculos em torno da tarefa a ser realizada, extinguindo as pirâmides definidas por cargos e funções. Assim, sem mais títulos de chefia, quem foi gerente ontem pode vir a receber ordens hoje, tudo em prol da flexibilidade e da produtividade. “Para funcionar, é essencial o engajamento e autonomia dos envolvidos, pois todos são responsáveis pela tomada de decisões e é preciso foco e organização para não se perder em meio a tamanha liberdade”, pondera Yolanda.

Em segundo lugar na pesquisa do Nube, 30,53% disse estar insatisfeito: “mudaria tudo: o sistema está ultrapassado”, somando 3.132 votos. Porém, tal desapontamento não é exclusividade da Geração Y. Na percepção da coordenadora, a busca por mudanças na carreira e início de novos negócios já se apresentava nas gerações passadas. “O sentimento de angústia ocasionado pela incapacidade de solucionar as diferenças entre o cenário idealizado e a realidade acarreta nesse desânimo. As pessoas se imaginam felizes e realizadas em um cargo e, no entanto, o caminho geralmente vem com obstáculos e dificuldades, nem sempre previstas, derivando em frustração”.

No entanto, especificamente para as gerações Y e Z, parte da insatisfação é a aparente falta de velocidade para a efetivação de realizações e a impossibilidade de reproduzir tarefas importantes em diferentes áreas, simultaneamente. “As organizações devem manter um espaço saudável de comunicação com esses jovens, pois os mesmos são acostumados a uma vida social agitada e rica, assim como no ambiente virtual e projetam isso também no mundo corporativo”, alega Yolanda.

Em terceira posição, com 19,9%, 2.041 indivíduos encontram-se satisfeitos e “não mudariam nada, já está bem estruturado”. Na opinião da especialista, quem a elegeu “não necessariamente tem informações suficientes para pensar em outro modelo de trabalho possível”, por ainda estarem no início da jornada corporativa. Por fim, 13,01% acredita ser melhor “não ter horário nem local para trabalhar” (1.335). “O home office, por exemplo, ganhou espaço nos últimos anos e permite um trabalho remoto, seja de casa, durante uma viagem, em um café etc”. Para a especialista, mesmo não significando liberdade total, esse molde atende em partes o anseio dos novos profissionais. “Cabe às empresas prover condições, seja na estrutura do setor ou mesmo no desenvolvimento de competências dos colaboradores, para esse modelo vingar”, sugere. “Em contrapartida, é papel do funcionário avaliar se essa também é a melhor opção para ele, pois muitos não se adaptam”, finaliza.

 

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