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Não adianta mentir, inventar atividades ou achar que qualquer tipo de boa ação deve entrar no currículo só para deixá-lo maior e com mais “conteúdo”. A falta de experiência na área escolhida não deve ser um peso para estudantes que estão em busca de estágio. 

Na internet não faltam modelos, o problema é quando os jovens, além do esboço copiam também a informação. “Não pode achar que currículo é formulário e só trocar os dados. Não faz sentido um estudante dizer que é ''ótimo em relações interpessoais'' e ''tem espírito de liderança'' no perfil profissional”, aponta Yolanda Brandão, coordenadora de treinamento externo do Nube (Núcleo Brasileiro de Estágios).

De acordo com especialistas, o currículo básico deve ter dados pessoais (nome completo sem abreviações, endereço, e-mail e telefone para contato), formação acadêmica, atividades extracurriculares, cursos de idiomas, viagens e trabalhos voluntários.

“O trabalho voluntário está sendo muito valorizado atualmente no mercado, principalmente numa época em que as empresas possuem políticas sociais e ambientais. Grandes e médias empresas estão buscando profissionais que tenham realizado atividades em ONGs ou instituições que ajudem ao próximo. Isto demonstra que estes profissionais desenvolvem algumas características essenciais para o dia a dia no ambiente de trabalho. Aprendem o verdadeiro sentido da colaboração, comprometimento, organização, iniciativa e, principalmente, a sinergia na realização de um trabalho em equipe”, afirma Marisa Pereira, professora da área de Gestão e Negócios do Senac São Bernardo.

No entanto, não é qualquer boa ação que pode entrar no currículo. “Ser solidário é diferente de trabalho voluntário. Um coisa é doar uma cesta básica todo fim de ano a alguma instituição, outra é mobilizar uma comunidade para conseguir doações”, pontua Yolanda.

Outro cuidado são com as experiências no Exterior. Se for uma viagem só a passeio, é bom ter cautela em como apresentar isso no currículo. “Se o estudante teve uma oportunidade de ir em alguma exposição ou feira importante enquanto viajava, é legal colocar. Do contrário, não é aconselhável”, recomenda Eduardo de Oliveira, superintendente educacional do CIEE (Centro Integração Empresa-Escola).

O deslize nas línguas estrangeiras – trocar a realidade de um nível básico pelo fluente – também é facilmente descoberto, já que os recrutadores podem testar o conhecimento na hora da entrevista. É bem importante também revisar o currículo para não cometer erros de português ou de digitação.

“Também não se deve colocar características pessoais em excesso, como extrovertido, ativo, organizado, batalhador, persistente, comunicativo, evitar ser prolixo, já que quem quer contar tudo no currículo não tem a chance de falar nada em uma entrevista, não colocar foto, evitar e-mails infantis, como luluzinha24@hotmail.com ou joaogatinho@terra.com.br. É importante ainda padronizar o currículo para ficar mais atraente aos olhos do selecionador e optar por folhas brancas e tipologia tradicional, como Times New Roman ou Arial", aconselha Marisa.

A estudante de jornalismo de Santo André Juliana Pereira, 21 anos, se baseou em um modelo da internet para criar sua carta de entrada na vida profissional e partir em busca de um estágio. “Não sou nada especialista nisso e tive que apelar para o Google, que ajudou muito. Ainda não tenho nenhum curso extracurricular, então, é uma questão que anda me ''segurando'' de não mandar muito currículo.”

A preocupação de Juliana, no entanto, não deveria ser motivo de receio, segundo Yolanda. “O profissional sabe que é início de carreira. Os mais jovens não têm que ter esse medo de deixar o currículo pequeno.”

Comportamento e perfis nas redes sociais influenciam na entrevista

Na região, o CIEE e o Nube oferecem, juntos, cerca de 400 vagas para os estudantes. Se o primeiro passo é enviar o currículo, o segundo é o processo seletivo das empresas. Nessa hora, é necessário ter tranquilidade, ficar atento à forma de vestir, de falar e se mostrar interessado.

“É essencial se antecipar e se informar na internet sobre a empresa que está se candidatando. Geralmente, é indicado ir com uma roupa mais formal. Não pode ser arrogante e já perguntar num primeiro contato direto, por exemplo, qual o valor do salário e quais benefícios tem direito. Isso é assunto para depois”, orienta o superintende educacional da CIEE.

Outra dica de Yolanda é o bom senso. “Não se deve falar mal da faculdade, das aulas teóricas e nem criticar outros estágios por onde passou. Evitar as gírias também é muito importante.”

Além do contato pessoal e do currículo, as redes sociais andam em alta entre os recrutadores. “É bom tomar cuidado com as empresas que curte no Facebook e com as fotos publicadas. Deve-se pensar antes de postar qualquer coisa se eu quero que todos vejam isso. Se está na internet, é público. Alguns jovens têm excelente postura, mas põe tudo a perder nas redes sociais”, diz a coordenadora do Nube.

Conselho que Juliana segue à risca. “Antes mesmo de me tornar adulta e futura candidata à vaga de emprego, sempre me cuidei com minhas redes sociais. Hoje já não tenho o costume de publicar minha opinião ou expor minha visão sobre determinado tema que sei que pode me prejudicar.”

Para quem busca atividades complementares ou está atrás de uma orientação sobre entrada no mercado de trabalho, os dois centros de estágios oferecem cursos EAD (Educação a Distância) gratuitos, além de vídeos com dicas de elaboração de currículo e como se comportar em uma entrevista.

Fonte: http://www.fsindical.org.br/imprensa/curriculo-de-estudantes-precisa-ser-sucinto-e-sincero

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