O mundo enfrenta uma série de transformações, sejam elas econômicas, sociais ou mesmo ambientais. O mercado de trabalho, portanto, é impactado pelas mudanças do cotidiano e da sociedade. Com a pandemia do coronavírus muitas atitudes em prol do coletivo foram intensificadas colocando em destaque a importância da luta contra preconceitos e desigualdades no cenário corporativo.
Para o empreendedor Augusto Spineli, especialista em social media, o crescimento das empresas mesmo com a crise acontece por meio do comprometimento com uma mudança de cultura e total adequação ao novos tempos. “É preciso ir além de simplesmente investir em propaganda nas redes sociais ou fazer análise das métricas da Internet e trendings, por exemplo”, afirma. Pensando nisso, ele desenvolveu um projeto de plataforma digital, a Vexatio, com o objetivo de orientar e informar as mulheres vítimas de assédio moral e sexual no seu ambiente de atuação.
Desigualdade entre os gêneros
Spineli aponta a necessidade de ocorrer uma alteração do “status quo” da sociedade em relação a desigualdade entre os gêneros: “felizmente, aquele pensamento retrógrado colocando a figura feminina em uma situação de inferioridade nas relações profissionais está ficando para trás. Essa é uma das chaves para uma modificação estrutural das instituições. Todos nós sabemos, o machismo dominante prejudica os âmbitos sociais, principalmente na carreira.”
Segundo pesquisa feita pela BBC, no último ano, mais de 22 milhões (37,1%) de brasileiras passaram por algum tipo de assédio. No entanto, após o ocorrido, mais da metade (52%) não denunciou o agressor ou procurou ajuda, por motivos diversos como medo de represálias ou de não serem ouvidas nem levadas a sério.
Para o sócio fundador da Vexatio, é fundamental estender as mãos a essas mulheres e prover a cada uma delas meios de encontrar ajuda, aconselhamento jurídico e psicológico e até mesmo encorajá-las a levar as provas a uma autoridade competente.
A importância do posicionamento
Os movimentos sociais e ações afirmativas dos últimos meses provaram a necessidade do posicionamento de grandes marcas diante desses fenômenos. Com certeza, o consumidor hoje se identifica com empresas socialmente responsáveis e engajadas em combater o preconceito. “Políticas afirmativas são importantes para uma sociedade melhor. Também para mostrar aos clientes nas redes sociais e em toda a comunicação corporativa como determinada instituição tem empatia com os acontecimentos no mundo real e como não ignora valores fundamentais para a sustentabilidade e existência humana”, comenta Spineli.
O futuro é colaborativo
Para o gestor, o segredo para o crescimento é uma postura colaborativa e não egoísta: “podemos não estar todos no mesmo barco, mas definitivamente estamos na mesma tempestade! Por isso, o segredo para a ascensão profissional também passa por se importar com o outro e ajudar o próximo a desenvolver suas habilidades. Não se chega a nenhum lugar sozinho, sendo um rolo compressor com ideias e posturas autoritárias. Hoje, as corporações devem ter como origem um conceito genuinamente orgânico, social e sustentável”, aconselha.
Viviane Vicente, consultora de competência cultural e fundadora da Rispetto Consulting, ressalta a Inteligência Cultural como um caminho para romper com práticas desiguais nas companhias. O conceito pode ser definido como a aptidão de se comunicar e operar com eficácia em contextos multiculturais. “É preciso interpretar contrastes de gerações, gêneros, origens socioeconômicas e crenças. Adquirir conhecimento a respeito das semelhanças e divergências é muito importante, mas sem a real motivação para entender os outros, as diferenças serão tomadas sob uma visão estereotipada”, comenta. Por isso, orienta: é necessário aprender a analisar as distintas realidades para manter uma boa convivência profissional.
Não podemos compactuar com um cenário de injustiças. Juntos podemos incentivar a diversidade e um espaço saudável para os colaboradores. Conte com o Nube!