Uma construção com tendência parisiense, elegante, bela e muito movimentada. Assim é o Theatro Mvnicipal, uma das obras mais belas de nossa cidade e, também, um ícone da era do café em São Paulo. Verdadeira representação de arte e cultura passa por um dos seus momentos mais brilhantes: o centenário.
Com muita idade, porém alma jovem, o monumento com traços renascentistas barrocos do século XVII está passando por uma recauchutada. Para comemorar os 100 anos, em grande estilo, está ocorrendo um restauro na fachada, Salão Nobre e no Bar Diana, com reconstituição das paredes e tetos. A intenção é deixar o teatro com a aparência de sua inauguração em 1911 e perpetuar esse símbolo, cuja estrutura conta com quase 900 pessoas.
Um marco de uma trajetória de grandeza e poder. Para o professor de História da Arte da Unesp, Percival Tirapeli, “o local simbolizou a casa da burguesia paulista, onde se cultuava a arte italiana”. Segundo o docente, para a construção reuniu-se os melhores arquitetos, artistas e decoradores da época. Além de se ter sido erguido em um dos melhores locais da região. Em seu interior encontram-se bustos, bronzes, medalhões, paredes decoradas, cristais, colunas neoclássicas, vitrais, mosaicos e mármores.
Além de tudo isso, ainda tem em seu histórico o fato de ter sido palco de um dos maiores movimentos culturais do Brasil: a semana de arte moderna de 22. Os sete dias do acontecimento foram tomados por uma exposição modernista. Nas noites de 13, 15 e 17 apresentou-se música, poesia e palestras sobre a modernidade, no país e no mundo. Nomes como Mario de Andrade, Anita Malfati, Oswald de Andrade e Heitor Villa Lobos fizeram do evento uma ruptura dos valoros artístico existente até aquele momento.
Para o colaborador de Treinamento do Nube, Henrique Ohl, a obra simboliza a persistência das tradições em uma atualidade de constante mutação e inovação. “É a presença da cidade como um centro de incentivo cultural, e ainda, ele não nos deixa esquecer as importantes manifestações sociais, cujas presenças marcaram nossa biografia”, afirma.
Como não poderia ser diferente, todos planejam uma forma de celebrar a ocasião. No carnaval foi a vez da escola de samba Peruche dar a sua contribuição e proporcionar na passarela uma forma diferente de ter conhecimento a tal história. Agora quem rouba a cena é o Shopping Light. Ele promove até 14 de abril uma mostra com detalhes do Municipal desde o cenário de sua construção até hoje, quando se tornou patrimônio histórico e cartão postal paulistano.
Quem já teve a oportunidade de assistir uma peça no grande Theatro Mvnicipal não se esquece da beleza e da forma como o ambiente consegue contagiar até as almas mais distantes. Para quem ainda não conhece, não deve perder a chance de estar em contato com uma parte de nossa herança artística e social.
Ohl ainda dá uma dica: “em uma seleção é importante ressaltar o gosto por teatros e exposições. Dessa forma o candidato demonstra ao entrevistador ser uma pessoa atenta a todos os movimentos. Estudantes assim usualmente desenvolvem empatia, tolerância ao diferente e abertura para novos conhecimentos”.
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